O que é?
O transtorno de escoriação (TE) caracteriza-se pelo comportamento irresistível de cutucar, arranhar, beliscar a pele de forma a gerar machucados. Para ser TE, o comportamento escoriativo não pode ser justificado por qualquer problema dermatológico como alergias, tampouco pelo efeito colateral do uso de remédios ou utilização de drogas. Apesar de ser um problema que já existe há muito tempo, só veio a ser formalmente reconhecido como um diagnóstico em 2013 pelo manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais americano – o DSM-5.
Como é caracterizado?
Nesta doença o indivíduo pode ter maior ou menor consciência sobre o momento que produz as feridas na pele. Com menos consciência, pode passar vários momentos do dia se cutucando de forma automática, podendo se ferir até enquanto dorme. Com mais consciência, em geral prefere realizar este comportamento de forma isolada, muitas vezes ritualizada, no banheiro ou no quarto, onde faz uma varredura no corpo em busca de saliências na pele ou casquinhas para arrancar e só costuma parar depois que sente que a “missão foi cumprida”. Depois costuma se seguir arrependimento e a culpa. Indivíduos com este problema costumam ser perfeccionistas, controladores, além de terem dificuldade significativa em identificarem ou regular suas emoções negativas no dia a dia. Sua incidência no Brasil é de 3,4% da população.
Quais as consequências?
Mesmo envergonhado ou triste por produzir machucados na pele, o indivíduo não consegue evitar de repetidamente continuar a fazê-los. O impacto que este transtorno gera costuma ser delineado pelo sofrimento produzido ou efeito negativo na sua sociabilidade. Não raro este pode passar horas se cutucando, depois pode querer cobrir sua pele para tentar esconder as feridas, chega a evitar ambientes como praia ou piscina e até faltar no trabalho, escola ou eventos importantes.
Como surge este problema?
Não existe uma explicação definitiva para este quadro, que em geral se inicia na adolescência, sendo provavelmente multicausal – envolvendo uma combinação de fatores genéticos, neuroanatômicos e ambientais.
O que fazer?
A maioria das pessoas não sabe que se trata de um transtorno, logo, não buscam ajuda especializada. Para ter certeza que se trata de fato de transtorno de escoriação é necessária uma avaliação por um psicólogo ou psiquiatra, especialistas neste tipo de problema. Este quadro quando não tratado pode se tornar crônico e acompanhar o indivíduo durante décadas, diminuindo significativamente sua qualidade de vida e podendo gerar outros problemas como infecções, podendo em casos mais extremos gerar a necessidade de cirurgia corretiva. A psicoterapia, eventualmente acompanhada de medicação, costuma ser a forma mais eficaz de tratamento.
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