De propagandas nos metrôs a anúncios nos celulares e propagandas nas TVs, os jogos de aposta têm se tornado cada vez mais presentes no nosso cotidiano. Embora essa atividade tenha sido cada vez mais frequente e que, para algumas pessoas, tem como função apenas o entretenimento, em alguns casos o ato de apostar pode trazer sérias consequências e o jogador pode desenvolver o que chamamos de Transtorno do Jogo.
O Transtorno do Jogo é uma dependência comportamental em que o jogador não consegue controlar ou diminuir o comportamento de apostar, mesmo apresentando consequências negativas em áreas importantes da sua vida, como, por exemplo, profissional, financeiro, acadêmico e pessoal.
Um dos aspectos presente neste quadro é a impulsividade, que pode ser descrita como uma predisposição para agir de maneira não planejada, sem considerar as consequências negativas. A impulsividade também se manifesta no Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). O TDAH é uma condição neurológica que afeta o desenvolvimento do indivíduo e pode se manifestar por meio de sintomas de desatenção e/ou hiperatividade/impulsividade, com início antes dos 12 anos e que se mantém na fase adulta.
Dentre os comportamentos impulsivos que um adulto com TDAH pode apresentar, um deles é o comportamento compulsivo de apostar. De fato, pesquisas mostram que 20% dos jogadores que procuram por tratamento apresentam também comorbidade com TDAH.
Uma possível explicação para isso é que pessoas com TDAH apresentam maior preferência para ganhos imediatos do que a longo prazo e frequentemente agem sem avaliar as consequências futuras.
Esse padrão de comportamento é um prato cheio para que a pessoa se interesse por jogos de azar, em que a oscilação entre ganhos e perdas de dinheiro estão sempre presentes. O jogo de apostas foi feito para que a pessoa tenha uma maior excitação durante a atividade, ou seja, a cada giro da roleta, a cada galope do cavalo, nossos cérebros são induzidos a nos deixar com maior expectativa sobre o resultado.
Jogadores com TDAH, por demonstrarem uma grande necessidade de buscar por recompensas da maneira mais rápida possível, podem desenvolver maior expectativa de vitórias do que jogadores sociais ao longo da experiência com o jogo. Essa expectativa pode gerar uma convicção em relação ao controle dos resultados das apostas e também uma superestimação em relação ao seu desempenho nas jogadas.
Jogadores com TDAH apresentam algumas características específicas, como, por exemplo, iniciação no jogo precoce, idade de início do jogo regular mais cedo que jogadores sem TDAH e maior gravidade dos sintomas de Transtorno do Jogo. Sendo assim, faz-se importante uma avaliação diagnóstica dos jogadores compulsivos para verificar a possibilidade de uma sobreposição com TDAH para que, portanto, seja feito um tratamento personalizado, considerando a sobreposição entre fatores como impulsividade e ilusão de controle do jogo.
Autores: Bruna Lopes Isabela Coelho Fernanda Rat Filippo Jacob Maria Clara Neder