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Foto do escritorMárcia Pilão

A difícil convivência com pessoas com Transtorno do Controle do Impulso

Atualizado: 1 de out.

Conheça o CRAFT - Reforço Comunitário e Treinamento Familiar


As questões das dependências trazem sempre sofrimento familiar, sendo muito comum que as famílias descubram dentre seus membros há alguém acometido por algum Transtorno do Impulso em momentos de crise. Á partir daí esse fenômeno passa a acompanhar suas vidas revirando-as ao avesso.


CRAFT - Reforço Comunitário e Treinamento Familiar

O termo “descubram” foi utilizado propositalmente, pois normalmente o familiar vivencia o seu transtorno em silêncio e para quem sofre do problema, revisitá-lo em momentos de crise pessoal, financeira ou de saúde é muito comum, o que costuma aflorar o problema e fazer com que a família tome conhecimento e busque ajuda, facilitando muito com isso o caminho do tratamento.


Vale ressaltar que, para pessoas acomedidas por Transtornos do Impulso, não existe um transtorno mais duro e difícil de lidar, mas, sem dúvidas, todas acabam por prejudicar fortemente todo o convívio familiar


A boa notícia é que, se este for o seu caso, você não está sozinho.


O Programa Ambulatorial dos Transtornos do Impulso, o PROAMITI -  um ambulatório especializado do Hospital das Clínicas, da FMUSP, possui profissionais preparados para a realização de pesquisas e estudos, e também oferece o tratamento voltado a essas patologias.


Melhor ainda é que o tratamento é oferecido tanto para os portadores dos transtornos, como para os seus familiares, seguindo o que é preconizado nos melhores centros de atendimento especializado, uma vez que o apoio para familiares e amigos próximos permite um ganho de suma importância para o paciente em tratamento.


Para auxiliar os familiares de pessoas diagnosticadas com o Transtorno do Impulso, ou do Jogo, a lidarem com o problema, a equipe responsável pelo CRAFT - Reforço Comunitário e Treinamento Familiar, realiza grupos com frequência, com o objetivo de dar apoio profissional em grupo a familiares e amigos próximos aos pacientes, afim de fornecer subsídios para atrair e auxiliar os dependentes em seu processo de tratamento.


A criação do CRAF também se deve ao fato de que muitos transtornos envolvem o uso de dinheiro e o comprometimento de outros bens e valores, que o paciente lança mão afim de obter alguma vantagem futura, entretanto, ele não tem nenhuma capacidade de interferir para que esses resultados sejam positivos.


Isso torna evidente que o quadro de transtorno mental pode comprometer não só a saúde mental do paciente e os seus próprios recursos financeiros e bens, mas também o de toda a família.


Nos grupos realizados pelo CRAFT, são oferecidos apoio e suporte para que os participantes adquiram repertório mais adequado na comunicação assertiva, auxiliando assim, na minimização dos efeitos dos problemas causados.


Os temas em destaque são:

  • O aumento da consciência e compreensão do problema.

  • O auxilio no entendimento dos sinais gerais, dos pensamentos irracionais, dos gatilhos e do padrão do transtorno.


São também discutidos aspetos como:


  1. O controle sobre as finanças;

  2. As melhores formas para lidar com o problema e com outras questões familiares que envolvem o problema alvo;

  3. O uso da comunicação eficaz;

  4. A necessidade de fazer uma avaliação das maneiras como os familiares estão contribuindo com o problemática;

  5. O conhecimento dos passos eficientes para enfrentar o problema;

  6. A importância de se conhecer os estágios de mudanças do comportamento.


É importante lembrar sempre que, infelizmente, recaídas e lapsos fazem parte do processo e devem ser reconhecidos pelos familiares para poderem lidar melhor. Salientando que, embora o problema do paciente interfira em toda a família, a responsabilidade pelo problema deve ser mantida nele.


E por isso é importante lembrar que o foco do tratamento está em separar os dois, o paciente e os familiares, e aos familiares cabem se concentrarem naquilo que podem ter controle, ou seja, no seu próprio comportamento.



Psicólogas Márcia Pilão e Mirella Mariani

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